Uma inovação promissora desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) pode revolucionar o tratamento do câncer de mama no Brasil e no mundo. Trata-se da crioablação, uma técnica minimamente invasiva que utiliza nitrogênio líquido para congelar e destruir tumores, atingindo 100% de eficácia em pacientes com tumores de até 2 centímetros.
O procedimento funciona por meio da inserção de uma agulha fina diretamente na região do tumor. Através dela, o nitrogênio líquido, a cerca de -140 °C, é aplicado e forma uma espécie de esfera de gelo que congela e elimina as células cancerígenas. O diferencial está na praticidade: a técnica é realizada com anestesia local e não requer internação — a paciente pode voltar para casa no mesmo dia.
Nos testes realizados com 60 pacientes, os resultados impressionaram: entre as 48 mulheres com tumores de até 2 cm, todas tiveram os tumores completamente eliminados. Nos outros 12 casos, com tumores entre 2 e 2,5 cm, apenas uma pequena parcela (8%) ainda apresentou resquícios da doença após o tratamento.
Atualmente, a pesquisa está em sua fase final, que vai até 2027. Serão 700 pacientes divididas em dois grupos: metade será tratada com a crioablação e a outra metade seguirá o tratamento tradicional com cirurgia. A expectativa dos pesquisadores é de que, ao comprovar a eficácia e segurança da técnica em larga escala, ela possa ser aprovada para uso amplo, inclusive pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e planos de saúde.
Apesar de já contar com aprovação da Anvisa, a crioablação ainda não está disponível de forma gratuita no Brasil. No entanto, os especialistas esperam que a popularização da técnica leve à redução de custos, tornando esse tratamento revolucionário mais acessível.
Essa nova abordagem representa uma esperança concreta para milhares de mulheres, oferecendo um tratamento eficaz, menos doloroso, com rápida recuperação e menor impacto físico e emocional.