Presidente quer fortalecer o Programa Espacial Brasileiro e projeta envio de foguete nacional ao espaço nos próximos dois anos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu ao declarar nesta semana que o Brasil pretende lançar um foguete nacional até 2027. A proposta faz parte de um esforço para revitalizar o Programa Espacial Brasileiro e inserir o país de vez na corrida aeroespacial global.
Em discurso durante visita ao Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, Lula afirmou que o desenvolvimento tecnológico é uma prioridade estratégica para o Brasil. Segundo ele, o foguete será inteiramente projetado e construído por engenheiros brasileiros, com apoio de universidades e empresas públicas e privadas do setor aeroespacial.

“O Brasil não pode continuar apenas como espectador da exploração espacial. Temos cérebros, temos tecnologia e temos capacidade de fazer história. Vamos lançar nosso foguete até 2027”, declarou Lula.
Reativando Alcântara
O Centro de Lançamento de Alcântara, considerado um dos locais mais estratégicos do mundo para lançamentos por estar próximo à Linha do Equador, deve ser o ponto de partida da missão. Nos últimos anos, o governo tem feito acordos com países como os Estados Unidos e Israel para viabilizar o uso comercial da base, mas agora a aposta é em protagonismo nacional.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, confirmou que o projeto já está em fase de estudos preliminares, com previsão de investimento superior a R$ 1 bilhão até 2026.
Tecnologia e soberania
Especialistas apontam que o lançamento de um foguete nacional pode representar não apenas um salto tecnológico, mas também um avanço estratégico em áreas como defesa, telecomunicações e monitoramento climático.
“Ter um programa espacial próprio forte é uma questão de soberania nacional. Não se trata só de foguete, mas de colocar o Brasil como ator relevante em áreas de ponta”, afirma o engenheiro aeroespacial André Machado, da UFRJ.
Desafios e ceticismo
Apesar do entusiasmo presidencial, o anúncio foi recebido com ceticismo por parte da comunidade científica, que aponta a falta de continuidade em projetos espaciais no Brasil e cortes orçamentários que prejudicaram iniciativas anteriores. O último foguete brasileiro de maior porte, o VLS-1, teve seu programa encerrado após acidentes e limitações técnicas.
Ainda assim, o governo afirma que desta vez a abordagem será diferente, com integração entre pesquisa, indústria e investimento internacional.