Uma medida polêmica vem gerando revolta na Turquia: mulheres solteiras com menos de 25 anos estão sendo impedidas de agendar consultas ginecológicas, salvo em casos de gravidez. A restrição é aplicada por meio de um sistema digital de marcação, que exige que a paciente seja casada para ter acesso a esses serviços, o que na prática limita o direito à saúde de milhares de jovens.
Essa decisão reflete um contexto cultural conservador no país, onde a sexualidade feminina fora do casamento ainda é um tabu. Pesquisas indicam que muitas mulheres solteiras enfrentam julgamentos e discriminação ao procurar atendimento ginecológico, reforçando uma visão de que o corpo feminino só deve ser cuidado nesse aspecto se estiver ligado ao casamento ou à maternidade. A medida reforça estigmas e uma cultura que valoriza a virgindade como parte da “honra” familiar.

Organizações de direitos humanos, médicos e ativistas vêm denunciando o caso como uma grave violação dos direitos das mulheres. Protestos têm ocorrido em várias cidades turcas, reunindo milhares de mulheres que exigem autonomia corporal e acesso livre à saúde reprodutiva, independentemente do estado civil ou idade.
Especialistas alertam para o impacto negativo dessa política na saúde pública, apontando riscos como o aumento de infecções não tratadas, agravamento de condições ginecológicas e uma geração ainda mais afastada do cuidado preventivo. O medo do julgamento e da burocracia acaba afastando jovens do sistema de saúde, justamente quando o acompanhamento médico poderia ser mais educativo e transformador.
A decisão reacende o debate sobre os direitos das mulheres na Turquia e levanta um alerta global sobre políticas que, direta ou indiretamente, silenciam, controlam ou limitam o acesso feminino à saúde. Garantir atendimento digno, seguro e livre de julgamentos é mais do que uma necessidade — é uma urgência.