A Cacau Show, uma das maiores redes de franquias de chocolates do mundo, se vê no centro de uma grave polêmica. Denúncias de ex-funcionários e franqueados revelam um ambiente corporativo descrito como “místico”, com práticas que remetem a uma espécie de seita liderada pelo CEO e fundador da marca, Alexandre Tadeu da Costa — conhecido como Alê Costa.
Rituais, Cânticos e Tatuagens: o Ambiente “Espiritualizado”
Segundo diversos relatos, colaboradores eram convidados a participar de rituais que ocorriam em salas escuras, iluminadas apenas por velas. Vestidos de branco e descalços, eles caminhavam em círculos enquanto repetiam palavras entoadas por Alê Costa. A atmosfera, descrita como “espiritualizada”, seria parte de uma tentativa de gerar pertencimento e alinhamento com os valores da empresa.

Embora a participação fosse teoricamente voluntária, os que recusavam alegam que sofriam represálias, isolamento profissional ou perseguição interna. Em outro episódio simbólico, funcionários relataram ter sido incentivados a tatuar a palavra “atitude” — mesma tatuagem do fundador — como sinal de comprometimento com a filosofia da empresa.
Denúncias de Assédio, Discriminação e Repressão
Além das práticas ritualísticas, pesam contra a Cacau Show acusações graves de assédio moral, sexual, homofobia, gordofobia e discriminação de gênero. Ex-funcionárias alegam que foram desencorajadas a engravidar e que mudanças no comportamento pessoal poderiam gerar demissões ou retaliações.
As denúncias foram protocoladas junto ao Ministério Público do Trabalho, que já está investigando a empresa. Caso confirmadas, podem gerar processos e sanções tanto civis quanto trabalhistas.
Perseguição a Franqueados e Tentativas de Silenciamento
Diante das situações enfrentadas, franqueados insatisfeitos criaram o perfil “Doce Amargura” no Instagram, onde passaram a compartilhar seus relatos e críticas à conduta da empresa. A principal voz do movimento é Náira Celi Alvim, ex-franqueada que afirma ter sido intimidada por representantes da marca após tornar as denúncias públicas. Ela afirma ter recebido a visita de um vice-presidente da empresa, que teria sugerido uma “solução” para que cessasse as críticas.
Logo após sua exposição nas redes, Náira teve sua loja fechada e seu contrato rescindido. Contudo, a veracidade de suas acusações foi colocada em dúvida por parte da mídia, já que ela responde a um processo por desvio de R$ 500 mil em sua antiga função como gerente da Caixa Econômica Federal.
Resposta Oficial da Cacau Show
Em nota oficial, a Cacau Show negou todas as acusações, classificando os relatos como “inverídicos” e os protestos como “ataques injustos” à sua trajetória empresarial. A empresa alegou que os chamados “rituais” são, na verdade, experiências culturais e sensoriais voltadas à valorização do cacau, e que a oração do Pai Nosso, quando feita, é opcional e respeita a liberdade de crença de cada um.
A marca reforçou seu compromisso com a ética, a diversidade e um ambiente de trabalho saudável.
Conclusão: Entre o Sucesso e a Controvérsia
Com mais de 4 mil lojas e uma imagem consolidada como sinônimo de chocolate premium, a Cacau Show agora enfrenta uma crise institucional que coloca em xeque sua cultura organizacional. O caso está sob investigação do Ministério Público do Trabalho e promete desdobramentos nas próximas semanas.
Enquanto alguns defendem que tudo não passa de uma campanha difamatória, outros afirmam que os bastidores da empresa escondem uma cultura corporativa tóxica e autoritária. Em meio a polêmicas, o futuro da imagem pública da marca dependerá da transparência das investigações e da resposta efetiva da empresa às denúncias.