Em 2025, os Estados Unidos enfrentam uma reincidência preocupante de casos de sarampo, uma doença considerada erradicada no país no ano 2000. O que mais chama atenção nos dados mais recentes do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) é um aparente paradoxo: os dois estados com maior taxa de vacinação com a tríplice viral (MMR) — Massachusetts e Vermont — lideram os registros de novos casos da doença.
O que os números mostram?
Segundo o relatório mais recente do CDC, os dois estados ultrapassam 95% de cobertura vacinal com a MMR entre crianças em idade escolar. Ainda assim, eles registram os maiores índices de casos confirmados de sarampo em 2025, ultrapassando estados com taxas de vacinação significativamente menores.

Coincidência ou alerta?
Especialistas ainda estudam os fatores envolvidos, mas diversas hipóteses estão sendo levantadas:
Alta vigilância epidemiológica: Estados mais vacinados tendem a ter sistemas de saúde mais rigorosos, o que aumenta a detecção e notificação dos casos, ao contrário de outras regiões onde pode haver subnotificação.
Importação de casos: Muitos casos iniciais têm origem em viagens internacionais. Por serem estados com maior fluxo turístico e acadêmico, a introdução do vírus via viajantes é mais comum.
Eficácia e imunidade ao longo do tempo: Estudos estão sendo revisados para avaliar possível queda na imunidade em parte da população vacinada há décadas ou falhas pontuais na resposta imune.
Vírus mutante ou escape imunológico? Embora ainda não confirmado, há uma investigação preliminar sobre variantes virais que poderiam desafiar parcialmente a proteção vacinal em grupos específicos.
O que dizem os cientistas?
A comunidade científica reforça que a vacina tríplice viral continua sendo altamente eficaz e fundamental para a contenção da doença. O que estamos vendo, segundo especialistas, é uma confluência de fatores epidemiológicos, e não uma falha da vacina em si.
“Ver estados com maior cobertura liderando casos pode parecer um paradoxo, mas provavelmente reflete eficiência nos diagnósticos, concentração populacional e introdução externa do vírus”, explicou a epidemiologista Dra. Elaine Porter, da Universidade Johns Hopkins.
A importância da vacinação continua
O CDC e a OMS continuam reforçando a importância da vacinação em massa, especialmente em um contexto de globalização e mobilidade internacional, onde surtos podem surgir mesmo em regiões altamente imunizadas.
Conclusão
Embora os dados possam parecer contraditórios à primeira vista, o cenário reforça a necessidade de manter vigilância contínua, transparência nos dados e confiança na ciência. A vacina MMR ainda é nossa melhor ferramenta contra o sarampo, e questionar sem desinformar é parte essencial do debate público.