Um caso tão inusitado quanto emblemático marcou o mundo da publicidade em 2014. A gigante das bebidas energéticas Red Bull foi processada nos Estados Unidos por propaganda enganosa, após um consumidor alegar que a famosa frase “Red Bull te dá asas” era enganosa e sem fundamento científico. O resultado? Um acordo judicial de 13 milhões de dólares.
⚖️ Como tudo começou
O processo foi aberto por Benjamin Careathers, um consumidor regular da bebida energética, que afirmou ter usado o produto por anos sem perceber nenhuma melhora real em sua performance física ou mental — como os comerciais frequentemente sugeriam. Segundo ele, a Red Bull vendia mais do que uma bebida: ela vendia uma promessa de energia, foco e até mesmo superioridade atlética, baseada em um marketing criativo, mas sem comprovação científica.
🧠 A polêmica do slogan
O slogan “Red Bull te dá asas” é reconhecido mundialmente como uma metáfora criativa, mas Careathers argumentou que isso não ficava claro para o consumidor médio. A propaganda, segundo ele, induziu usuários a acreditar em efeitos além da realidade fisiológica do produto.
Esse tipo de acusação se enquadra na categoria de publicidade enganosa, o que abriu margem para uma ação coletiva. A Justiça americana entendeu que a empresa exagerava nos benefícios do produto e não apresentava evidências científicas suficientes para sustentar suas alegações.
💸 O acordo de US$ 13 milhões
Em vez de levar o caso adiante por anos no tribunal, a Red Bull decidiu encerrar a disputa judicial em 2014 com um acordo extrajudicial. Sem admitir culpa, a empresa aceitou pagar US$ 13 milhões para compensar consumidores afetados.
O valor foi dividido da seguinte forma:
- Consumidores nos EUA que compraram Red Bull entre 2002 e 2014 podiam solicitar:
- Um reembolso de até US$ 10, ou
- Receber produtos gratuitos da marca com valor equivalente.
A decisão foi vista como um sinal de que, mesmo slogans criativos precisam ser tratados com responsabilidade quando há promessas implícitas de resultados.
🌍 Repercussão e impacto na publicidade
O caso virou manchete em veículos de mídia do mundo todo e foi discutido em faculdades de direito e marketing como um exemplo clássico dos limites da propaganda criativa. Ele também abriu espaço para discussões sobre:
- A responsabilidade das empresas sobre o conteúdo publicitário,
- A interpretação literal vs. metafórica dos slogans,
- E os direitos do consumidor diante de campanhas exageradas ou não fundamentadas.
Mesmo com o escândalo, a Red Bull manteve sua posição de liderança no setor, ajustando seu discurso em campanhas futuras, mas sem abandonar seu icônico slogan — que continua sendo usado, agora com mais cuidado.