Em 1999, o técnico japonês Hisashi Ouchi tornou-se conhecido mundialmente como o homem mais radioativo da história. O acidente aconteceu na usina nuclear de Tokaimura, no Japão, quando uma falha de procedimento expôs Ouchi a uma dose absurda de 17 sieverts de radiação — o suficiente para matar uma pessoa em minutos.
No momento da exposição, Ouchi e outros dois colegas manipulavam urânio enriquecido manualmente, algo que nunca deveria ser feito fora de ambiente controlado por máquinas. Um erro na mistura causou uma reação nuclear instantânea. Enquanto os outros técnicos foram gravemente feridos, Ouchi recebeu a dose diretamente no corpo, a poucos centímetros do ponto de fissão.

Uma agonia de 83 dias
Mesmo com a destruição imediata de seus glóbulos brancos e órgãos internos, Hisashi Ouchi foi mantido vivo artificialmente por 83 dias. Ele chorava sangue, sua pele literalmente se desprendia do corpo, e seus órgãos começaram a se liquefazer. O sistema imunológico foi aniquilado, tornando-o vulnerável até à presença do ar.
A equipe médica do Hospital da Universidade de Tóquio utilizou técnicas jamais aplicadas antes: transplantes de células-tronco, cirurgias reconstrutivas e até suportes experimentais. Mas, apesar dos esforços, a degradação celular causada pela radiação era implacável.
Muitos especialistas questionaram a decisão de mantê-lo vivo por tanto tempo, chamando o tratamento de “tortura científica”. No 83º dia, seu coração falhou e Ouchi finalmente morreu, tornando-se um símbolo trágico dos riscos da energia nuclear mal administrada.